sexta-feira, 13 de junho de 2008

Por aí...

Sexta-feira, enquanto eu olho pela janela de um ônibus os estragos causados pela chuva, um senhor entra pela porta dianteira. Ele tem aparentemente uns 60 anos, negro, alguns cabelos brancos, roupas simples, um chapeuzinho preto na cabeça e um acordeom já bastante usado.
Meio-dia, um dia normal depois da chuva e um senhor mais normal ainda. Nada de estranho.
Seria uma volta normal para casa se esse senhor não sentasse exatamente ao meu lado, dentre tantos outros lugares vazios. E mais: começasse a cantar e a tocar o seu pequeno acordeom. A música? Não me recordo, mas lembro que não podia ser mais original; palavras simples que falavam da saudade do sertão.
As poucas pessoas do ônibus pareciam que não estavam ouvindo a música. E eu continuei olhando pela janela.



Ao final da música, ele tira o seu chapeuzinho e começa a recolher contribuições das pessoas. Minha opinião, certamente, estava errada; foi o maior número de contribuições que eu já tinha visto dentro de um ônibus. Quase todas as pessoas contribuíram de forma significativa.
Sem dúvida, elas também conseguiram naqueles poucos minutos de música esquecer o mundo que corria lá fora.
Para finalizar, na volta, quando ele passa ao meu lado, só então percebo: ele é cego!

4 comentários:

Vanessa Gomes disse...

Dizem que tudo que aprendemos é pelo sentido. Se é assim tenho medo. Pois, às vezes, dúvido quem realmente é cego. O mundo camuflado e escuro, que abafa qualquer criar de imagens nesta corrida desajeitada e turbilhada de informações. Pra que há arte?
Pra nada. Só pra olhar, cheirar, sentir...imaginar, criar...e se colocar, e ter medo, e ter vontade de rir, e ver o tempo...e não ter medo dele.
Magnífico seu passeio.
Nada é tão simples...e tem muito de graça nisso.
Palmas para nosso artista.
E pra você.
Adoreiiii menina.
Beijokassss...bom vir aki...e ter a sua companhia en mi casa.
:)

Carol Guedes disse...

bom, não acho que se deva sentir pena dele por ser cego... nem dar esmola por ele ser cego e sim por reconhecer um verdadeiro talento, tendo ele necessidade especial ou não. Ele não é digno de pena, mas de louvor por não se deixar a abater por uma pequena diferença na maneira de "ver" o mundo, pelo contrário, sua percepção é ainda maior, e sua sensibilidade em relação a música, melhor que a de muitos videntes.
Ludovic Van Bethoven era cego...

rafa disse...

As pessoas pareciam distraidas,e talvez realmente estivessem.Aquela musica simples fez com que cada um parace para pensar.O curioso eh saber o que cada um estava pensando.Provavelmente aquele senhor entrou no onibus para trazer mais alegria para o dia de cada um e uma licao de vida, pelo fato de ser cego.
bjao

Ianna Andrade disse...

Caramba! Isso é extraordinário, né Lu?! Verdadeira demosntração de q td é possível para aqueles q querem dá e aproveitarem o melhor de si! =] Viva a essas pessoas!