sábado, 29 de agosto de 2009

Curiosidade futebolística em terras tupinambás

A vida inteira gostei de esportes e das Letras, mas nunca havia tencionado uni-las numa mesma jogada. Dessa vez, uma característica peculiar dos baianos me envolveu de tal modo que resolvi calçar de vez as chuteiras. Ou melhor, foram os destoantes gostos futebolísticos desses povos que habitam as terras tupinambás, aimorés e paiaiás que me escalaram.
Desde quando finquei meus pés por essas paradas soteropolitanas, tenho reparado a pouca influência dos times da capital lá pelas bandas do São Francisco, quebrando nos morros da Chapada, passando pelo sertão até o oeste do estado.
Logo que uma cara provinciana é avistada nos círculos sociais da baía de todos os santos, ela é prontamente intimada: você é Bahia ou Vitória, afro? Sem dúvida, seria mais sensato se indagassem: você é Vasco ou Flamengo, meu peixe? Ou então, você é Botafogo ou Fluminense?
Eu vascaína que sou, não vou me aconchegar a um certo Leão amigo de um Urubu que voa lá pelos ares cariocas. Prefiro o tricolor de Aço, com todo o respeito ao rubro-negro baiano. Até porque os quase 80 mil cruzmaltinos que encheram o Maracanã me fazem lembrar os 110 mil torcedores que balançaram a Fonte Nova. Mas confesso que no mata-mata mesmo, o coração vascaíno não falha nunca.
A televisão é a grande responsável, ora mocinha, ora vilã, pela influência carioca no interior do estado. E também é sabido por todos que os aparelhos de tv não conseguem captar perfeitamente os sinas das emissoras estando a léguas de distância. É chiado, é fita preta cortando a tela, é a imagem chocalhando; nem esponja de aço na ponta da antena em pleno último capítulo da novela e final de campeonato para resolver o problema. Por isso que a antena parabólica domina os lares interioranos.
Sem contar a tradição ainda forte de ouvir a rádio Globo Am do Rio nos aparelhos Motorádio ou Motobrás na freqüência 1220. Valdir Amaral, Jorge Kuri e o comentarista Mario Viana fazem uma baita saudade para a geração 70. Todos os lances de Roberto Dinamite e Zico foram acompanhados pelos ouvidos colados no rádio. E minha geração, nem tão distante assim, viu Edmundo e Romário incendiarem as tardes de domingo. Os olhos não piscavam em frente à tv; e lá se vão dez anos daquela Libertadores contra o Palmeiras.
Pena que hoje são os times paulistas que dominam o futebol brasileiro, meu irmão que o diga. Quedê Bahia, quedê Vitória? Tem lugar na fila para mais uns quatro? Devolvam o meu Vasco.