quinta-feira, 31 de julho de 2008

Educação não é Gentileza

Salvador é multicultural. Cosmopolita. Gosto de viajar pela cidade descobrindo suas facetas, sua gente e sua história. Sem dúvidas, é uma experiência surpreendente observar o cenário soteropolitano pelas janelas da vida. Mas Salvador também é como qualquer outra cidade. Aquele ar de capitalismo, a desigualdade pichada nos muros, a correria e um certo tom de que nada vai mudar estampado nos rostos das pessoas.
Ora, bom mesmo é vivenciar nisso tudo gestos que nos arrancam um sorriso verdadeiro. Como o daquele senhor ajudando a senhora cega a atravessar a rua do Politeama de Baixo. Ou o mendigo da Ladeira da Montanha que compartilha sua comida escassa com uma dezena de pombos. Ou o que ocorre perto dali, na Carlos Gomes: um rapaz bem vestido que dá um copo e um prato a um doente abandonado no chão. Ou simplesmente, ouvir o bom dia do porteiro do prédio todas as manhãs.
São atos assim que podem ser chamados de Gentileza, pois são feitos de forma sincera. Essas pessoas são anônimas, rostos iguais aos outros que fazem o bem sem receber nada em troca, que respondem apenas pela própria consciência. Geralmente, as outras pessoas agem de forma educada para atender o padrão de comportamento adotado pela sociedade.
Educação não é Gentileza. Ser gentil é ser um doador constante, doador de esperança, de cuidado e de vida.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Papéis

Uma menina passou por aqui e deixou cair um papel amarelo escrito a lápis, mais na frente, outro pequeno papel branco escorrega da sua pasta e ela nada percebe. Penso em recolhê-los, mas a garota já vai virando a esquina e solas sujas de sapatos continuam a dançar para a esquerda e a direita, parece não ter fim. Logo, logo os papéis se perdem e tomam outro rumo para além da minha vista.
Será que aqueles papéis representavam algo? Seria uma informação importante? Poderiam ser números de telefones especiais, mensagens, lembretes de tarefas, trechos de um livro ou apenas palavras banais.
Deveria ser algo importante para a menina, sim. O que não tem valor é que é jogado fora. Um simples papel pode ser tão útil quanto qualquer outro objeto. Já pensou se alí estivessem os números do vencedor da loteria?
Mas agora não dá pra saber, os papéis devem estar longe, imundos e rasgados.