segunda-feira, 9 de junho de 2008

A Capitalista Fábrica de Chocolate


O filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (com direção de Tim Burton), baseado no livro de Ronald Dahl, à primeira vista, apresenta-se como um filme infantil com ar de conto de fadas e que atrai pelas suas maravilhas visuais. Todos ficam fascinados pela fábrica de Willy Wonka (Johnny Depp), desejando ser uma das cinco crianças sortudas que encontram o bilhete dourado e que adquirem, assim, o direito de visitar suas grandiosas instalações. A lendária fábrica não era, aliás, visitada por ninguém há 15 anos. Charlie, Augustus, Mike, Veruca e Violet com os seus acompanhantes iniciam o tour pelo local e vão caindo uma por uma nas armadilhas das suas próprias personalidades, restando apenas Charlie no final.
Porém, a obra é uma ótima crítica ao capitalismo. Cada criança retrata um aspecto capitalista: Augustus e a alimentação ruim, Mike e os jogos eletrônicos, Veruca e o consumismo, Violet e o egoísmo. E Charlie é o bom garoto pobre, apegado aos valores da família; alguém que o capitalismo ainda não conseguiu transformar. “A Fantástica Fábrica de Chocolate” propõe, dessa forma, uma abordagem levemente crítica da alienação mercantilista da sociedade contemporânea.
No livro "O Manifesto do Partido Comunista", os autores Karl Marx e Engels abordam como o capitalismo criado pela burguesia transforma as relações entre as pessoas: “A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então consideradas dignas de veneração e respeito. (...) rasgou o véu de comovente sentimentalismo o que envolvia as relações familiares e as reduziu a meras relações monetárias”. O filme consegue, através da figura do garoto Charlie, levar o telespectador e o próprio Willy Wonka a uma reflexão sobre essas conseqüências do capitalismo. No final, Willy Wonka retoma a relação com o pai que não via há alguns anos. Ou seja, a proposta é tentar reabilitar a família como a base para os valores morais positivos.
A modernização e a mão-de-obra são outros aspectos abordados. A fábrica possui máquinas que ainda não foram sequer inventadas, como o elevador que se desloca para qualquer direção. Em busca de mão-de-obra barata e depois que vários concorrentes roubaram suas receitas secretas, Willy Wonka “contrata” os Umpa-Lumpas e “treina” os esquilos. Os Umpa-Lumpas são pequenas criaturas de pele bronzeada, oriundas da Loompalância e que manejam as máquinas em troca de chocolate; não é mera coincidência que todos eles sejam interpretados pelo mesmo ator. Além disso, há a analogia que para o capitalismo na busca por baixos custos e mais produção vale tudo até mesmo escravizar animais.
São inúmeras as reflexões que o filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate” pode proporcionar, mas a crítica ao capitalismo supera qualquer expectativa e o que seria apenas um filme infantil, torna-se um verdadeiro retrato do mundo moderno
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Um comentário:

May Aguiar disse...

Luana querida,
Obrigada pela visita e elogios!rs
tenho ido tão pouco ao meu blog =/
gostei de suas letras!talentosa a futura jornalista.
Sucesso
Paz e Bem
May