Hoje eu acordei com uma imensa saudade. O rádio toca, são músicas marcantes que me fazem lembrar pessoas. E lá fora, a chuva me impede de sair. Sensação de dor que nenhum tipo de remédio pode curar, só o passar do tempo.
Há um período da vida em que ficamos cegos. Vamos como zumbis em direção ao sistema. Todos querem fazer, ser, viver o mesmo, o mesmo que aqueles ali da frente. Talvez seja falta de maturidade. Ah, e ainda há outros zumbis sem saber que os são. Mas ninguém é culpado, eu também caí nessa. E não me arrependo, seria muita ingratidão da minha parte. Esperei tanto, mas a sensação de vazio às vezes me arrebata, como agora. Poderia ter feito mais, ou melhor, ter feito menos e aproveitado mais. Não é clichê, é a pura verdade.
Porém, é chegada a hora, preciso de argumentação para dar consistência ao meu dizer. Deparo-me com essa imposição mesmo preferindo as entrelinhas. Sendo assim, desvelo o motivo da minha inquietação.
Querido leitor, estamos sempre seguindo um sistema. Como diriam os funcionalistas, todo sistema é formado por partes interligadas que desempenham sua função e blá, blá, blá. Logo cedo, quando mal aprendemos a falar, nos jogam na escola. Pronto, já fomos coagidos e permaneceremos assim por longos anos de nossa vida. É o sistema educacional, metódico, teórico, injusto e cruel. Ensinam-nos fórmulas, regras, mas nos desencorajam e ofuscam nossa liberdade. E o ápice da crueldade é atingido às vésperas do Vestibular. Se não bastar, assistimos depois os ricos invadirem as faculdades públicas. Nesse momento, os pobres estudantes já viraram zumbis.
Apenas quando tudo passa, olhamos para trás e surge esse vazio. Os amigos tomaram outro rumo, a chuva passou, o sol apareceu e é minha hora de partir.