domingo, 10 de maio de 2009

Cristais

Me sinto mergulhada
em nuvens brancas.
Um grito.
Não tenho medo,
é Deus.
Há uma luz sendo refletida
no horizonte,
por alguns segundos fez-se cristalina
e logo se desfaz,
volta a ser opaca.
Uma freada.
Talvez seja o objeto escuro
que passou por mim
ou a mancha avermelhada
que ficou para trás.
Quase noite
e apenas um feixe de luz
refletido no fragmento de nuvem branca.
Chove a alguns quilômetros daqui.
Uma cortina de cristais
descendo de dois sulcos no céu.
Nuvens pálidas e pesadas
desabando sobre as montanhas.
Fico gélida e enregelada.
As árvores balançam por aqui,
vejo pessoas estranhas
caminhando lentamente
e a chuva a cair mais fraca,
pousada no mesmo lugar.
Um instante.
Paro.
O vidro se cobriu de rabiscos
frios, molhados e agudos.
Tudo envolveu-se por aqui.
Desespero no asfalto molhado,
clarões correndo rapidamente,
eucaliptos balançando suavemente.
A chuva que toca o vidro em cristais.