segunda-feira, 12 de maio de 2008

Testemunhas

Duas e meia da madrugada. Um tiro. Acordo e procuro não pensar em nada. Fico imóvel, talvez seja apenas um pesadelo. As vozes vindas lá de baixo, porém, me revelam a realidade e espatam o meu sono: "Corre! Pega!".
É madrugada, todos dormem e eu aqui estou; testemunha de algo que ainda não sei. Não tenho vocação para jornalismo policial ou investigativo, mas nesse momento, é inevitável não querer saber o que se passa ao meu redor.
"É polícia, é polícia". _Meu Deus! - Penso logo em roubo. Estão procurando algum ladrão. Não sei porquê, mas me sinto tranquila, afinal daqui a pouco prendem o mafioso.
É, meia hora depois, eis que surge o meu pesadelo: uma sequência de tiros. Tiroteio. Dessa vez, impossível ninguém acordar. Novas testemunhas vão surgindo nas janelas dos prédios, assustadas e curiosas.
Na rua, policiais por todas as partes, nos quintais, no mato, subindo e descendo a ladeira... Armas enormes e um belo cenário de filme de ação. Até mesmo a polícia de apoio foi chamada.
E o ladrão, cadê?
De repente, outra sequência de tiros. Alguém tem coragem de ficar na janela? As testemunhas correm para os seus quartos, se atiram no chão...
Depois uns passos, uma ronda e o silêncio.
Quatro horas da madrugada, o show acaba e a platéia vai dormir sem entender o final do filme.
Só pela manhã, a televisão informa o que aconteceu:


Bandidos cercam delegacias para resgatar presos
08/05/2008 - 7h28m

*Do iBahia, com informações do Jornal da Manhã


A madrugada desta quinta-feira (8) foi de intranqüilidade para moradores dos Barris, bairro situado no centro de Salvador. O clima de tensão começou por volta das 2h30. Segundo os policiais, três carros lotados de bandidos cercaram os prédios das três delegacias que funcionam na área e tentaram uma invasão para o resgate de presos.



Os policiais de plantão reagiram, fechando as portas e atirando. No tiroteio com os bandidos que permaneceram do lado de fora, um policial levou um tiro de raspão. Um outro bandido foi morto e um preso que tentou fugir acabou recapturado. Enquanto isso, os presos que estão nas celas que ficam no porão do complexo iniciaram uma rebelião e começaram a tocar fogo nas celas.
A situação só foi normalizada quando chegou o reforço do Batalhão de Choque e do Corpo de Bombeiros que continuam no local. O clima ainda é tenso e os presos estão sendo fortemente vigiados. A polícia de choque deve entrar nas celas daqui a pouco para fazer uma revista.

Ninguém está livre de nada, de repente, tudo pode acontecer.

3 comentários:

Carol Guedes disse...

Luana, entendo perfeitamente o que você quis dizer. Compartilho da minha experiência no camburão da PM numa busca no Nordeste de Amaralina a certos elementos. Aterrorizador ! Ninguém está livre, e como eu escrevi em um texto no meu blog, infelizmente nós jornalistas as vezes temos a oportunidade de ver certas cosias de perto e não podermos divulgar pra manter nossa vida em segurança.

Terena Cardoso disse...

"Enquanto isso, os presos que estão nas celas que ficam no porão do complexo iniciaram uma rebelião e começaram a tocar fogo nas celas."

Que morressem queimados, então.

Ianna Andrade disse...

Nossa senhora Lu! Quando vc me contou sobre esse episódio, n sabia q tinha sido algo tão lamentável! :/ vc deve ter ficado horrorisada, ne? Caramba! Ngm está livre de nda, realmente! Até onde será preciso chegar, p q algo seja feito por nós cidadãos honestos e trabalhadores?! UMA LÁSTIMA! :X