terça-feira, 14 de outubro de 2008

Os Zumbis do sistema

Hoje eu acordei com uma imensa saudade. O rádio toca, são músicas marcantes que me fazem lembrar pessoas. E lá fora, a chuva me impede de sair. Sensação de dor que nenhum tipo de remédio pode curar, só o passar do tempo.
Há um período da vida em que ficamos cegos. Vamos como zumbis em direção ao sistema. Todos querem fazer, ser, viver o mesmo, o mesmo que aqueles ali da frente. Talvez seja falta de maturidade. Ah, e ainda há outros zumbis sem saber que os são. Mas ninguém é culpado, eu também caí nessa. E não me arrependo, seria muita ingratidão da minha parte. Esperei tanto, mas a sensação de vazio às vezes me arrebata, como agora. Poderia ter feito mais, ou melhor, ter feito menos e aproveitado mais. Não é clichê, é a pura verdade.
Porém, é chegada a hora, preciso de argumentação para dar consistência ao meu dizer. Deparo-me com essa imposição mesmo preferindo as entrelinhas. Sendo assim, desvelo o motivo da minha inquietação.
Querido leitor, estamos sempre seguindo um sistema. Como diriam os funcionalistas, todo sistema é formado por partes interligadas que desempenham sua função e blá, blá, blá. Logo cedo, quando mal aprendemos a falar, nos jogam na escola. Pronto, já fomos coagidos e permaneceremos assim por longos anos de nossa vida. É o sistema educacional, metódico, teórico, injusto e cruel. Ensinam-nos fórmulas, regras, mas nos desencorajam e ofuscam nossa liberdade. E o ápice da crueldade é atingido às vésperas do Vestibular. Se não bastar, assistimos depois os ricos invadirem as faculdades públicas. Nesse momento, os pobres estudantes já viraram zumbis.
Apenas quando tudo passa, olhamos para trás e surge esse vazio. Os amigos tomaram outro rumo, a chuva passou, o sol apareceu e é minha hora de partir.

8 comentários:

Unknown disse...

Luu perfeitoo amigaa!Vc tem um grande futuroo...minha jornalista preferidaa!Beiijos enorme!

Lucas Franco disse...

Gostei e me identifiquei com o texto. O conceito de sistema é subjetivo, e pelo que entendi do seu texto, chamamos de sistema todas as convenções que somos 'obrigados' a obedecer, a exemplo da ida a escola, prestação de vestibular... É difícil ser 'transgressor' quando de alguma forma precisa-se do sistema, afinal, queremos ganhar nosso dinheirinho para fazermos as coisas que gostamos, como ir a shows, viajar, comprar roupas novas... Talvez o melhor a ser feito é um intermédio entre 2 coisas que você afirma no 2º parágrafo: fazer melhor o que se faz, mas não necessariamente fazendo muito, ja que temos de ter tempo para viver bem as nossas vidas =]

Teka disse...

o que eu mais gosto em vc eh que fico imaginando uma garotinha ganhadora do concurso de melhor redaçao da escola lendo a mesma pra todos... um pouco nervosa e com a voz tremida, dizendo coisas de gente grande.

Val Benvindo disse...

Adoreii seu texto, a sinceridade exala dele .
Parabéns !
passarei por aqui sempreee . ;)

Alter Ego disse...

Aí é que tá, somos escravos do sistema, sabemos disso e não mudamos, ou melhor, não queremos mudar. O comodismo e a aceitação por outro lado é organizacional para nossas vidas. Oras, por que? Como seria, por exemplo, o Brasil se não fosse o sistema? A quem ditar regras, como nos comportariamos? Por outro lado, padrões, padrões e mais padrões, uma rotina de padrões que nos sufocam todos os dias, pelo simples fato de ter que seguir obrigações. Gostei do texto (:

The Dancer disse...

desesperador...acho que isso define esse momento! aquele que acordamos do nosso transe e percebemos o que perdemos e o que poderia ter sido!pessimo né!
mas é realmene ingratidão nossa desprezar esse transe tbm pois é com ele que aprendemos a valorizar os momentos que seguirão!
afinal! são as experiencias passadas que formam q somos hj não?!

tudo vale a pena quando a alma não é pequena- dizia nosso querido Fernando- mesmo que ela tenha ficado um pouquinho perdida por um tempo! ;)

adorei o post!!
desculpe-me as divagações! ahahaa


;**

Alexandro Gesner disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alexandro Gesner disse...

Assim eu não consigo ficar quietinho... rsrsrs
muito bom, Lu!

Percebo esses momentos de crise* como sinais irrefutáveis de uma vivência valiosa na qual não somos meros elementos passivos. Embora possamos ter aceitado convenções, embora tenhamos repetido tendências, a verdade basal é que vivemos. E é também verdade que se hoje somos capazes de criticar a nossa jornada, evoluímos, mudamos.
Mudamos e identificamos o famigerado sistema que nos adestrou.
Para nossa surpresa, vemos que o sistema são pessoas, como nós. Pessoas que se dedicam a manter o estado das coisas para que outras pessoas tornem-se sistema e não o percebam.
Este é o desafio cotidiano: Sou o que sou porque quero ser ou porque querem que eu seja?
Sinto-me bem com o que visto? Preciso mesmo do que compro? Acredito mesmo no que falo?
São indagações que favorecem a análise.
No entanto, leitores, peço licença para compartilhar a questão que me deixa mais inquieto: Quem somos?

* utilizei o seguinte conceito de crise: eventual manifestação repentina de um sentimento, agradável ou desagradável (Houaiss)