tag:blogger.com,1999:blog-85264138021513093452024-03-04T22:23:48.357-08:00meu atelier de ideiasLuana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.comBlogger31125tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-9331547408458376372009-09-30T18:38:00.000-07:002009-10-11T21:27:15.225-07:00O show<span style="color:#663333;">Por tantas vezes<br />quis estar de mãos atadas<br />na areia da praia,<br />sem choro, sem palavras,<br />apenas a olhar.<br />Sentir o reflexo da lua<br />e as ondas a quebrar no mar,<br />dividindo a brisa,<br />compartilhando o beijo.<br />Queira encontrar uma face opaca<br />na multidão de vozes<br />e um toque singelo<br />em vibrantes melodias.<br />Mas na explosão de sons,<br />nenhum olhar disperso,<br />nenhum sussurro.<br />A volta ao vazio.</span>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-15834967814010769032009-08-29T19:22:00.000-07:002009-09-02T20:41:53.564-07:00Curiosidade futebolística em terras tupinambás<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#003300;">A vida inteira gostei de esportes e das Letras, mas nunca havia tencionado uni-las numa mesma jogada. Dessa vez, uma característica peculiar dos baianos me envolveu de tal modo que resolvi calçar de vez as chuteiras. Ou melhor, foram os destoantes gostos futebolísticos desses povos que habitam as terras tupinambás, aimorés e paiaiás que me escalaram.<br />Desde quando finquei meus pés por essas paradas soteropolitanas, tenho reparado a pouca influência dos times da capital lá pelas bandas do São Francisco, quebrando nos morros da Chapada, passando pelo sertão até o oeste do estado.<br />Logo que uma cara provinciana é avistada nos círculos sociais da baía de todos os santos, ela é prontamente intimada: você é Bahia ou Vitória, afro? Sem dúvida, seria mais sensato se indagassem: você é Vasco ou Flamengo, meu peixe? Ou então, você é Botafogo ou Fluminense?<br />Eu vascaína que sou, não vou me aconchegar a um certo Leão amigo de um Urubu que voa lá pelos ares cariocas. Prefiro o tricolor de Aço, com todo o respeito ao rubro-negro baiano. Até porque os quase 80 mil cruzmaltinos que encheram o Maracanã me fazem lembrar os 110 mil torcedores que balançaram a Fonte Nova. Mas confesso que no mata-mata mesmo, o coração vascaíno não falha nunca.<br />A televisão é a grande responsável, ora mocinha, ora vilã, pela influência carioca no interior do estado. E também é sabido por todos que os aparelhos de tv não conseguem captar perfeitamente os sinas das emissoras estando a léguas de distância. É chiado, é fita preta cortando a tela, é a imagem chocalhando; nem esponja de aço na ponta da antena em pleno último capítulo da novela e final de campeonato para resolver o problema. Por isso que a antena parabólica domina os lares interioranos.<br />Sem contar a tradição ainda forte de ouvir a rádio Globo Am do Rio nos aparelhos Motorádio ou Motobrás na freqüência 1220. Valdir Amaral, Jorge Kuri e o comentarista Mario Viana fazem uma baita saudade para a geração 70. Todos os lances de Roberto Dinamite e Zico foram acompanhados pelos ouvidos colados no rádio. E minha geração, nem tão distante assim, viu Edmundo e Romário incendiarem as tardes de domingo. Os olhos não piscavam em frente à tv; e lá se vão dez anos daquela Libertadores contra o Palmeiras.<br />Pena que hoje são os times paulistas que dominam o futebol brasileiro, meu irmão que o diga. Quedê Bahia, quedê Vitória? Tem lugar na fila para mais uns quatro? Devolvam o meu Vasco. </span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-37726639711477748342009-07-30T07:10:00.000-07:002009-07-30T07:20:30.886-07:00Compassos<span style="font-family:trebuchet ms;color:#660000;">Parte I<br /><br />Retomar as cores,<br />degustar os versos,<br />mergulhar nos livros,<br />ter um pouco de paz,<br />paz de espírito,<br />resgatar o gosto,<br />ter amor,<br />ter alegria,<br />devolver o tédio,<br />ter mais inspiração.<br /><br />Parte II<br /><br />Além do dia,<br />viagem no tempo,<br />descobrindo as faces<br />talvez seja verdade<br />a cruzada do destino.<br />Medo,<br />nenhum vacilo,<br />nenhum erro,<br />ser o melhor de mim.<br />Arrepio,<br />força divina.</span>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-74657875083142856922009-07-10T20:12:00.000-07:002009-07-10T20:30:59.548-07:00Quadrado<div align="justify"><span style="color:#333333;">Aqui onde eu posso ver somente as minhas dores e pegar o cheiro que exala do meu corpo, há barulho estático e gritos esparsos.</span></div><div align="justify"><span style="color:#333333;">Ainda que movimentos horizontais e elevados possam me expulsar e alguém lá fora possa me avistar, transloucada, melhor saber que essas sombras ele não reconhece.</span></div><div align="justify"><span style="color:#333333;">Será uma apaixonada escrevendo cartas de amor? Segundo os solitários à espera de reflexos pela fechadura, talvez sim.</span></div><div align="justify"><span style="color:#333333;">Em alguns lugares vejo cadeiras, mais abaixo o vazio e para além de mim, o lixo. Restos acumulados de um quadrado de loucos. A loucura cética, a loucura surda, a loucura insana e a loucura real em cada ponto perfeitamente dividido.</span></div><div align="justify"><span style="color:#333333;">Eu prefiro o silêncio.</span></div><div align="justify"><span style="color:#333333;">O riso dos infelizes me incomoda, o riso sórdido e sarcaz tanto quanto a presença negativa. Pertinente. Por isso que ouso esperar, ainda não é a hora de subir.</span></div><div align="justify"><span style="color:#333333;">Eu prefiro a sensatez.</span></div><div align="justify"><span style="color:#333333;">Ao dividir espaços, continuamente, encosta-se no melhor e no pior dos egos. Entre o contraste, a desordem e a falsidade, melhor calar; sem embates nem tormentos.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-55894384004369982452009-07-01T07:13:00.000-07:002009-07-01T07:16:13.179-07:00São João<span style="color:#cc0000;">Céu estrelado e colorido; fagulhas secas e compridas riscando-o e bandeirolas imensas a enfeitá-lo. É assim que me encontro ao luar nas interioranas noites do santo festeiro. Pura alegria e a sintonia em pares a cada toque de zabumba.</span><br /><span style="color:#cc0000;"></span><br /><span style="color:#cc0000;">Como </span><br /><span style="color:#cc0000;">o som triângulo</span><br /><span style="color:#cc0000;">ríspido</span><br /><span style="color:#cc0000;">e compassado</span><br /><span style="color:#cc0000;">que me perpassa</span><br /><span style="color:#cc0000;">inusitado.</span>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-59380418421188530132009-05-10T21:14:00.001-07:002009-07-30T07:13:58.965-07:00Cristais<span style="color:#666666;">Me sinto mergulhada<br />em nuvens brancas.<br />Um grito.<br />Não tenho medo,<br />é Deus.<br />Há uma luz sendo refletida<br />no horizonte,<br />por alguns segundos fez-se cristalina<br />e logo se desfaz,<br />volta a ser opaca.<br />Uma freada.<br />Talvez seja o objeto escuro<br />que passou por mim<br />ou a mancha avermelhada<br />que ficou para trás.<br />Quase noite<br />e apenas um feixe de luz<br />refletido no fragmento de nuvem branca.<br />Chove a alguns quilômetros daqui.<br />Uma cortina de cristais<br />descendo de dois sulcos no céu.<br />Nuvens pálidas e pesadas<br />desabando sobre as montanhas.<br />Fico gélida e enregelada.<br />As árvores balançam por aqui,<br />vejo pessoas estranhas<br />caminhando lentamente<br />e a chuva a cair mais fraca,<br />pousada no mesmo lugar.<br />Um instante.<br />Paro.<br />O vidro se cobriu de rabiscos<br />frios, molhados e agudos.<br />Tudo envolveu-se por aqui.<br />Desespero no asfalto molhado,<br />clarões correndo rapidamente,<br />eucaliptos balançando suavemente.<br />A chuva que toca o vidro em cristais.</span>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-40583205331516731782009-04-19T19:55:00.000-07:002009-04-19T20:40:42.919-07:00Ser tímido é ser discreto?<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#660000;">Timidez é algo que as pessoas sempre relacionaram à minha imagem. Um estereótipo comum, normal, aceitável e saudável. Saudável até certo ponto, diga-se. Quando ser tímido interfere na vida social e profissional é diferente, ela passa a não ser tão saudável assim.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#660000;">É justamente o social e o profissional o ponto em que quero chegar. Nunca tive problemas em conhecer pessoas e me relacionar com elas, tampouco ser tímida interferiu na minha escolha de profissão. Claro que a maioria das pessoas - principalmente aquelas que não me conhecem ou me conheceram em um momento de calma e/ou cansaço - indagam: mas você faz jornalismo sendo tímida?</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#660000;">Primeiramente, nem todos os jornalistas, acredito que a maioria, não são pessoas tão falantes. Comunicativos decerto que são, pois ser comunicativo é conseguir se expressar bem ao ponto de ser entendido pelo outro, o que não significa necessariamente falar muito. Além disso, jornalismo é uma área ampla, cheia de possibilidades; um editor, por exemplo, sendo tímido, ele não encontrará a mesma dificuldade se fosse um repórter.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#660000;">Outro aspecto é o meu prazer em conversar com as pessoas, principalmente as humildes. O contato individual me leva não apenas a conversar e sim criar um vínculo sincero com elas. Permitir-se é fundamental, conhecer, entender o outro e outros contextos é uma forma maravilhosa de conhecimento. Quem convive comigo no âmbito profissional/educativo também sabe que falar em público não me inquieta tanto. Se o meu objetivo é informar ou entender algo, não vejo nenhum temor nisso.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#660000;">Assim, a timidez, tema dessa abordagem, é um comportamento que pode causar até mesmo alterações fisiológicas. Porém, no dia-a-dia ela é geralmente confundida com discrição, acredito que seja o meu caso. Por trás de alguém discreto há possibilidades diversas, o outro é como você, carregado de idéias e sentimentos esperando o momento certo de serem expressos.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-89710811716793352562009-03-28T15:15:00.000-07:002009-03-28T19:39:53.583-07:00O ônibus<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGQs9Ba4pLscWjlxyGK7k_nmDqlUn_-22s9F5ut7o7ksO4yge5TgEqJeDNVQ0G4H1xnpOoVDk4tR09aILN_9ew-qpJqVQQYFaAL031elIcHJG8czqnDaEmNCWVXMHozGHWatTXvDM-gh0/s1600-h/imagem.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5318433897459276802" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 246px; CURSOR: hand; HEIGHT: 324px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGQs9Ba4pLscWjlxyGK7k_nmDqlUn_-22s9F5ut7o7ksO4yge5TgEqJeDNVQ0G4H1xnpOoVDk4tR09aILN_9ew-qpJqVQQYFaAL031elIcHJG8czqnDaEmNCWVXMHozGHWatTXvDM-gh0/s400/imagem.JPG" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4951QI84pbr1j6kdKsHlEBNYVEMzc70oKAZ3i0nlngWEI0hcIbERfv6uSvWtq7kptUmnL9Nyl6rGQ5EyYeAViHnOw_uCpPaODG9zcuGKD3AKQAHmGZScSW-pifXVDm7ZmOTDi5OD_mtk/s1600-h/imagem.JPG"></a><br /><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilylxUjeWinMBy8I1GGO_Me582pTX_u-UlxIHdxLTcX_eJg7i2WQz5tDl4XAzImisQJpC3Vok6iz2laiyR-GHlKRncXR1pYhNhYAaWvwtUtm4ZDOGL65PU5XEfIeO7Rah8bjED65xAo2M/s1600-h/imagem.JPG"></a><br /><br /><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB7xp9EnN1iNBWCdubxtBjeLLaZ0LMr57SVPKxDOL6ZNLYhD_3Hgu4vfqZNARgQaKG-36afKwmkPRDQE0BnbRR9e94S_s8GBWRI3coDBRAIBKH3Bk1KLBSMqiPc9h__4yQHL8FWTugT2g/s1600-h/imagem.JPG"></a><br /><br /><br /><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEGP32x37LEcI2ya4vWzCgNZjMewKD-qoBMduTTPrbGSfwhXb8CjxSVlBAu3CqYz2uLwGsudSC730ZhyphenhyphenI58Bgs75FxBJQZwXgqbtoyyx7XMOoS7atIFzbBVd9Sa7kWG5nZNsmzzJ44BN0/s1600-h/imagem.JPG"></a><br /><br /><br /><br /><br /><div></div></div></div></div></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-82821318346459053482009-03-15T17:45:00.000-07:002009-03-15T17:58:30.617-07:00Fuga<div align="left"><span style="color:#990000;">Sem externar </span><br /><span style="color:#990000;">o que me inquieta,</span><br /><span style="color:#990000;">calo,</span><br /><span style="color:#990000;">para tornar refúgio</span><br /><span style="color:#990000;">do vazio.</span><br /><span style="color:#990000;">A realidade transcendida</span><br /><span style="color:#990000;">e alongada a outra</span><br /><span style="color:#990000;">incandescente,</span><br /><span style="color:#990000;">tolerável.</span><br /><span style="color:#990000;">Fujo </span><br /><span style="color:#990000;">mesmo reconhecendo</span><br /><span style="color:#990000;">a vida ilusória.</span><br /><span style="color:#990000;">Sem tormentos</span><br /><span style="color:#990000;">e inquietações,</span><br /><span style="color:#990000;">esqueço </span><br /><span style="color:#990000;">minha raiz trêmula.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-66122965074384491812009-02-22T07:17:00.000-08:002009-02-22T07:39:44.476-08:00O Carnaval como um vírus<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#cc0000;">Para Vygotsky, psicólogo russo, o meio influencia o homem. Se tratando do Carnaval, é impossível não enxergar o quanto esta festa é contagiante. Uso o termo contagiante no sentido literal da palavra: pegar por contágio. E como são muitas as pessoas que são “contagiadas” por sensações e opiniões diversas nesta época no ano, me restrinjo a apenas três grupos que se manifestam na capital baiana.<br />Outro dia, ouvi no ônibus as seguintes palavras de uma senhora quase idosa: “Tomara que chova nesse Carnaval”. Com esta frase, ela se encaixa no grupo dos Aborrecidos composto pelos fanáticos religiosos, os traumatizados e os eternamente estressados. Cada um com os próprios motivos, além de não gostarem de Carnaval, eles torcem para que algo ruim aconteça e estrague a alegria dos foliões; como se uma chuva, por exemplo, fosse mesmo capaz de tal façanha.<br />Os Guerrilheiros fazem parte do segundo grupo. Não é difícil identifica-los, eles enchem os supermercados na véspera da festa e saem carregando água e mantimentos. São sacolas e mais sacolas fartas preparadas para enfrentar a guerra. Guerrilheiros também são os lojistas, visto que são <em>experts</em> em armar trincheiras de madeira; tudo para proteger seus bens.<br />Por último, lhes apresento os Indecisos. Mesmo não gostando de Axé e convictos desde o ano anterior de que esses seriam dias de descanso, não suportam a pressão da televisão e do clima e caem no ritmo. Mas não há o que temer, afinal não existe no lado oeste de Greenwich vírus mais contagiante que o Carnaval – leia-se contagiante, pois o contagioso já é outra história...</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-29653601448575214552009-02-09T14:10:00.000-08:002009-02-09T14:31:37.890-08:00Do Alto Bonito à Pedreira*<div align="justify"><br /><span style="font-family:arial;color:#990000;">São tantos os lugares perdidos nesse país a que chamam de Brasil. É só pisar por aí, seguir caminhos não tão distantes para que diversos brasis dentro de uma nação sejam revelados.<br />Traçando o asfalto ressequido com suas crateras expostas e pedregulhos a rolar, porventura fui ao encontro do Alto Bonito. Certamente, o nome dado ao bairro, que afronto numa placa torcida condensada em azul, remete a tempos passados. Aquele deveria ser, decerto, um belo lugar.<br />Andando mais além, chega-se à Pedreira, grande monte donde avista-se a pequena planície da Lagoa do Arroz. Essa é uma região que sempre me instigou. Quando eu e minha família voltávamos da roça do meu pai, meu princípio de súplica voltava-se para ali. Pedia que fôssemos para casa por aquele caminho. E bastava virar a curva para o imenso despenhadeiro se apresentar a nós. Daqui a Pedreira, do outro lado o bairro do Arroz e entre os dois a Lagoa. Misto de medo e admiração que florescia em mim. Naquele lugar era tudo tão impreciso, como se de repente tiraram-lhe uma fatia de terra e na planície vazia juntaram-se as águas vindas do céu.<br />Imagino como seria a Maria Fumaça apitando rente ao monte e os passageiros a espreitar a paisagem pelas janelas dos vagões. Deveras, muitas lendas e histórias surgiriam naquelas épocas remotas. Quão majestosa vista!<br />A cidade foi crescendo e as primeiras casas foram sendo construídas, se estendendo aos outros bairros. Hoje, parece que o Alto Bonito e a Pedreira foram esquecidos pelos homens do poder. Das janelas dos poucos carros circulando por ali avista-se uma lagoa aterrada, esgoto correndo pelas ruas, crianças brincando descalças, carroças carregadas de areia, galinhas ciscando a terra, cachorros espantando as moscas e ao fundo uma música que fala de Deus; esperança, vinda de onde já nada se espera.</span></div><span style="font-family:arial;"></span><span style="font-family:arial;"><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJehSCPfdmkItIlg0EuAgzhykgdfeQsvPyP74wp365DPSZe_f1rXZLaPAMTKPOyH5huviJsxhPJGlawm3b8pb9XaQnnk11USBpWai8x7ydXr2AB3Bjewxm2s31AAtUgRUMupOjueI_uuo/s1600-h/lastscan+2.jpg"></a><span style="color:#990000;"></span></div><div align="justify"><span style="color:#990000;">*(publicado no Jornal Vírus, Ano VII, Nº 34, Miguel Calmon - Ba, Janeiro/2009).</span></span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-15890853260573607742009-01-12T13:14:00.000-08:002009-01-15T15:09:27.738-08:00Ciclos em mim(...)<br /><br />O medo me afronta<br />em grandes goles<br />esporádicos.<br />Medo de perder,<br />soltar as rédeas<br />da vida.<br />Vejo-me diante<br />de escolhas<br />que só o tempo<br />revelará,<br />caminhos<br />que se desfazem<br />em cores ocultas.<br /><br />(...)<br /><br />Que a sombra<br />de minh'alma<br />repouse no alento<br />do estado vazio<br />e rejubilize<br />na hora exata.<br />Além de mim<br />há coisas<br />que não param.<br />A vida se desagrega<br />e se refaz<br />ao final de cada ciclo.Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-49173988961760136682008-12-12T15:11:00.000-08:002008-12-12T15:15:56.094-08:00Eu, monstrinho<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#660000;">Há histórias, verídicas claro, que tenciono adorná-las com palavras escritas, porém passado o frescor momentâneo, a memória não é capaz de reavivá-las. Disposta tal condição, apresso-me a delatar o que me veio a acontecer por esses dias.<br />Foi um daqueles instantes a que chamam de lapso e que depois de ocorrido, a mente nos presenteia com mil e uma possibilidades, pensamentos. Primeiramente, me anteponho a esclarecer que não sou de dramas, mas se tratando de semelhante experiência é necessário um mínimo rabisco.<br />Dizem as línguas interioranas que o dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, antecipa a previsão do tempo para o Natal. Se neste dia chover, no Natal o céu estará limpo e vice-versa. Sendo assim, espero uma feliz festa natalina, pois foi o dia 8 que comportou o meu lapso.<br />Naquele meio-dia, eu não sonhava com os estragos que uma frigideira pode comportar nem tampouco recordava a desavença da água com a gordura. Não sou leiga se tratando de tal rixa, prefiro concordar que houve um breve descuido de minha parte. Ao ver aquela pobre frigideira e suas crias sendo queimadas não hesitei em ir socorrê-las. Desliguei a boca do fogão. Traiçoeiro fogo, verdadeiras labaredas surgiram diante dos meus olhos. O que fazer? Ali eu estava entre o fogão e o fogo tendo a pia do outro lado.<br />Foi receio, medo. O medo de ver as chamas se espalharem pelas outras panelas, atingir os panos e se tornar um incêndio que me fez arremessar a frigideira até a pia e ademais: abrir a torneira. Fraco pensamento dentro de um instante, impossível saber quanto tempo transcorreu naquele momento.<br />Já passados alguns dias, sinto em minha pele como se os pingos de gordura ainda estivessem quentes. Decerto que quando isto aconteceu não senti nada, nada mesmo, nem ardência nem dor. Eram os móveis da cozinha que me preocupavam. O armário fora atingido e todo o ambiente se envolveu de fumaça. Apenas as vozes confusas dos meus pais, que surgiram assustados, me fizeram pensar em mim mesma. Minutos depois, afrontei o espelho e vi um rosto, um braço e um pescoço condensados em vermelho. Noutro dia, acordei monstrinho pintado com bolhinhas vermelhas. Mas graças ao poder divino, não foi grave, somente a pele foi atingida, as bolhas não ardem e logo vão cicatrizar. Amanhã deixarei de ser monstrinho enquanto a vida continua frágil.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-24872450082833724832008-11-27T15:37:00.000-08:002008-11-27T15:38:54.540-08:00Sob o véu da Intolerância<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">No Brasil, é costume dizer que futebol, religião e política não se discutem, mas frequentemente estes temas norteiam alguns debates na sociedade. Dentre eles, a religião é o que a neutralidade prevalece em maior escala. As pessoas possuem sua religião ou opiniões acerca desse assunto, porém se recusam ao diálogo sobre o tema.<br />Justamente a falta de diálogo alimentada pelo etnocentrismo vem construindo atitudes de intolerância religiosa no decorrer da história da humanidade. (...) Tratando-se do Cristianismo e do Judaísmo, estas religiões desencadearam momentos de ódio irracional e intolerância.<br />Após quase 2 mil anos de conflitos, a reaproximação de judeus e cristãos somente foi iniciada com o Concílio Vaticano II(...). Este Concílio estabeleceu-se como ponto inicial de uma nova fase de diálogo e relações entre a Igreja Católica e a comunidade Religiosa Judaica. Mesmo referindo-se especifiamente ao Judaísmo, o Concílio expressou um ponto fundamental para o respeito às diversas manifestações religiosas; em vez de ressaltar as diferenças entre o Cristianismo e o Judaísmo, ele recordou o vínculo espiritual entre elas e que está espiritualmente ligado à descendência de Abraão.<br />O Concílio Vaticano II foi um marco e sendo a religião o universo mais prural da condição humana, é essencial a pesquisa na área das crenças religiosas. Em meio a diversidade, certamente, há associações que levam não apenas às diferenças entre elas, como também às semelhaças. Semelhanças que geralmente ficam ofuscadas por uma camada de intolerância. No caso do Judaísmo e do Cristianismo, elas tiveram a mesma origem, mas em algum momento da história se separaram e ainda assim, acreditam no mesmo Deus ou D-us, baseiam-se no mesmo livro – a Bíblia (que os judeus chamam de "Tenak" e os cristãos de "Antigo Testamento"), entre outros aspectos.<br />Na verdade, as diferenças religiosas em si não provocam conflitos. São as interpretações e as significações a que as diferenças são submetidas que geram atos de intolerância religiosa. Religiões, que talvez não possuam mesma origem podem mostrar-se semelhantes em valores e crenças, mudando-se apenas as formas de manifestação. Para tanto, é necessário pesquisar, conhecer e respeitar.<br />Que Deus, Alah, Jeová, Xangô, Maomé, Buda, Krishna ou Tupã abençoe.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-35905102392027003872008-11-14T18:51:00.000-08:002008-11-14T18:56:37.282-08:00Um pouco de saudosismo<div align="justify"><span style="color:#663300;">Hoje Salvador me fez lembrar minha cidade: Miguel Calmon. Choveu pela manhã e eu me banhei na chuva como há muito tempo não fazia. Foi sem querer, decerto, mas uma voz interior me fez deixar molhar o corpo livremente, sem pudor.<br />Agora, a tarde vem chegando e no céu nuvens pesadas se preparam, a qualquer hora vão se desfazer em milhões de gotas.<br />Esses dias, percebi que nessa época do ano, algumas árvores exalam um cheiro forte. É o cheiro do meu Natal. Todos os anos eu o senti sem nem mesmo notá-lo. Lá ele estava, e dessa vez as árvores resolveram me presentear. Deram-me com o cheiro a sensação de paz.<br />Ano acabando, chuvas de verão, férias apontando, família, Natal, Paz, Amor. Calmon, Miguel Calmon.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-81613271893099611082008-10-31T14:20:00.000-07:002008-10-31T14:22:06.019-07:00Breve fuga<div align="center"><span style="font-family:arial;color:#993300;">Há uma gota de mim<br />em cada palavra<br />mal proferida.<br />Desejos ocultos<br />que me vem<br />e me trazem<br />a dor<br />de serem revelados.<br />Onde estará<br />essa sede<br />ou medo?<br />Em torno de mim<br />escondo<br />a parte que<br />não me cabe.<br />E a ausência<br />do que não<br />se chorou,<br />à meia-luz<br />se traduz.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-8030812974926916462008-10-14T15:29:00.001-07:002008-10-14T15:32:17.844-07:00Os Zumbis do sistema<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;">Hoje eu acordei com uma imensa saudade. O rádio toca, são músicas marcantes que me fazem lembrar pessoas. E lá fora, a chuva me impede de sair. Sensação de dor que nenhum tipo de remédio pode curar, só o passar do tempo.<br />Há um período da vida em que ficamos cegos. Vamos como zumbis em direção ao sistema. Todos querem fazer, ser, viver o mesmo, o mesmo que aqueles ali da frente. Talvez seja falta de maturidade. Ah, e ainda há outros zumbis sem saber que os são. Mas ninguém é culpado, eu também caí nessa. E não me arrependo, seria muita ingratidão da minha parte. Esperei tanto, mas a sensação de vazio às vezes me arrebata, como agora. Poderia ter feito mais, ou melhor, ter feito menos e aproveitado mais. Não é clichê, é a pura verdade.<br />Porém, é chegada a hora, preciso de argumentação para dar consistência ao meu dizer. Deparo-me com essa imposição mesmo preferindo as entrelinhas. Sendo assim, desvelo o motivo da minha inquietação.<br />Querido leitor, estamos sempre seguindo um sistema. Como diriam os funcionalistas, todo sistema é formado por partes interligadas que desempenham sua função e blá, blá, blá. Logo cedo, quando mal aprendemos a falar, nos jogam na escola. Pronto, já fomos coagidos e permaneceremos assim por longos anos de nossa vida. É o sistema educacional, metódico, teórico, injusto e cruel. Ensinam-nos fórmulas, regras, mas nos desencorajam e ofuscam nossa liberdade. E o ápice da crueldade é atingido às vésperas do Vestibular. Se não bastar, assistimos depois os ricos invadirem as faculdades públicas. Nesse momento, os pobres estudantes já viraram zumbis.<br />Apenas quando tudo passa, olhamos para trás e surge esse vazio. Os amigos tomaram outro rumo, a chuva passou, o sol apareceu e é minha hora de partir.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-16726127242694041762008-10-08T15:38:00.000-07:002008-10-09T17:50:06.383-07:00Sangue Frio<div align="justify"><span style="font-family:arial;color:#663300;">Ultimamente, eu vinha reclamando muito do meu curso. Jornalismo é imprevisível, cansativo, não tem rotina, me transpõe para lugares diversos e me faz passar por tantas situações malucas. Esse começo de semestre foi difícil. Faltou grana, eu mal conseguia parar em casa, enfim, quase não me diverti nem cumpri todos os meus horários. Cheguei a pensar em fazer algo mais estável, por que não algum curso da área de saúde?<br />Mas, sinceramente, hoje mesmo esqueci de vez essa idéia. É preciso pensar muito antes de sonhar em ser médico, enfermeiro ou seguir outra profissão que precise lidar com a vida das pessoas. Tudo bem que pensei em cursar fisioterapia, porém, o risco ronda sempre esses profissionais da área de saúde.<br />Ás quatro da tarde, uma cena mexeu comigo. Entre o Porto e o Farol da Barra, haviam aproximadamente trinta pessoas reunidas, o trânsito parado e os policiais agitados tentando manter a ordem. Ao lado, jovens turistas loiras choravam. No centro dos olhares, um rapaz cobria, abraçando, a metade do corpo de uma garota que chorava alto. Vi apenas uma perna branca com a carne exposta e um osso partido. Gelei, senti meu chiclete branco ficar azul e certa acidez penetrar minha língua.<br />Mais alto que o choro da garota, sentado no chão e recostado na parede, um homem gritava: “Não deixem ela morrer! Não deixem ela morrer!”. Era o motorista, seu ônibus havia atropelado a garota e a ambulância demorava a chegar.<br />Minha caminhada perdeu a graça. Corri dali para não começar a chorar e em seguida não desmaiar. Pois assim, duas pessoas precisariam ser atendidas. É preciso ter sangue frio para ver tudo aquilo e não se abalar. As minhas pernas tremem até agora, nem sei como cheguei em casa. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;color:#663300;">Deixe-me cá com o tal do jornalismo.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-19449583901313034882008-09-19T11:31:00.000-07:002008-09-19T11:41:50.607-07:00Degustar Felicidade<div align="justify"><span style="font-family:courier new;color:#990000;">Hoje é um dia especial. Sei que é pelo simples fato de ser um dia. "Vacas de divinas tetas...". Um dia tranqüilo que passa sem pressa. Você pode correr para o nada, comprar frutas e tomar banho frio que ao tocar o calor do corpo, a água fria fica na temperatura ideal. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:courier new;color:#990000;">Parece que não vai chover e o Sol é um presente de Deus. Hoje eu quero sair, comer salada, me sentir leve para voar por aí. Nenhum compromisso chato agendado, só a gravação de um filme que é parte do meu prazer. Ainda dá tempo para chegar lá. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:courier new;color:#990000;">Meu Deus, hoje é sexta-feira. A casa limpa e o som perfeito. Dá vontade de dançar, abrir os braços, sentir o vento, respirar fundo, saciar a sede, aspirar o perfume das flores, vestir uma saia jeans e sorrir. Andar pulando como uma criança.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:courier new;color:#990000;">Felicidade não se explica, apenas nasce cá dentro de nós.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-67360835611082300822008-09-09T17:38:00.000-07:002008-09-09T17:41:27.594-07:00Carta de repentina dor<div align="justify"><span style="font-family:verdana;color:#660000;">Queridos tropicalistas e amigos bossa nova. Escrevo numa quente manhã de 2008. Talvez sejam as flores escondidas que irão desabrochar, talvez seja esse meu tédio que bate aos domingos ou talvez seja apenas o despontar de agosto. A falta de vinho mexe comigo também. A vida por aqui não vai tão bem assim. E o sonho da liberdade passa como nuvens bem altas em direção ao mar. Longe de nós.<br />Nem todos os problemas foram solucionados. Ainda enviamos cartas, mas por e-mail. Ainda assistimos ao Fantástico, mas pela tela da TV Digital. As mulheres não precisam queimar sutiãs para serem ouvidas. E, certamente, vocês imaginam que hoje nada mais escandaliza. Afinal, novos tempos. O futuro que vocês sonharam está no prazo.<br />Decerto que superamos a fase Saint-Tropez, passamos pela fase hippie, aceitamos o topless, as mulheres fugiram pela janela da cozinha e não querem nem pensar em filhos, querem ter dinheiro, querem o peito duro de silicone. Vencemos uma ditadura militar, os gays abriram as portas do armário e se beijam pelas ruas.<br />Porém, todos os dias assassinamos milhares de vidas através do aborto, adubamos a natureza com toneladas de lixo, pessoas continuam morrendo de Aids e os homens ganham mais pelo dia no escritório, as mulheres nem tanto. Isso escandaliza. E esse querer mais e esse tédio que me embriaga sem ter vinho, vai me deixando tonta. Ano 2008, será que ainda é 2008?</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-10850816610053219332008-08-20T11:50:00.000-07:002008-08-20T12:10:24.389-07:00Mova-se<div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Naqueles dias de tédio. Tire a bicicleta das férias prolongadas ou leve o cachorro para passear. </span><span style="font-family:georgia;">Exercite-se. </span><span style="font-family:georgia;">Mova-se. </span><span style="font-family:georgia;">Faz um bem danado. </span></div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Quem me fez acreditar ainda mais nisso foi um senhor que hoje pela manhã andava de skate nos Barris. Com os pés descalços, era do tipo que passava a maior parte da vida trancado em um escritório e que no final do dia só tem vontade de pisar na grama. Bem sucedido, família estruturada e em plena meia-idade.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Mas alí, não havia ternos nem gravatas. Sozinho e debaixo de uma chuva fraca, ele calmamente ensaiava alguns movimentos como se tentasse relembrar tempos áureos. Nunca é tarde. Passei e ele continuou por lá, tentando.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Hoje, o dia dele com certeza foi melhor. Acredite.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-30149086154325757952008-08-15T09:57:00.000-07:002008-08-15T10:11:11.811-07:00Medo<div align="justify"><span style="font-family:verdana;color:#330000;">A vida é tão frágil que dá medo. Saber que em um segundo tudo pode mudar. Uma queda, um assalto, um tiro, um ataque fulminante. Como se o sumo da vitalidade escorresse em fios lentos e o sonho da eternidade se estilhaçasse no ar.<br />O homem, em geral, se adapta rapidamente às mudanças. Mas há situações em que o ser humano jamais vai se adaptar. <strong>Medo</strong>. Os jornais, a televisão, o rádio e a internet todos os dias nos fazem lembrar que amanhã poderemos ser mais um número nas estatísticas negativas.<br /><strong>Medo</strong> que nos circunda, como se livrar dele se a realidade não nos deixa esquecê-lo?<br />E há tanta coisa boa lá fora, tanto para experimentar, descobrir, viver... Melhor mesmo acreditar que não existe limite, que a vida é uma dádiva e que a realidade é melhor do que aparenta ser.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-2048667242794447082008-08-11T15:14:00.000-07:002008-08-11T15:18:43.729-07:00Segunda-feira<div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span> </div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">Todas as pessoas</span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">aparentam </span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">sentir o mesmo:</span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">rostos pesados,</span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">apáticos,</span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">olhando para o infinito,</span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">olhando para o nada.</span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">A manhã vai caminhando</span></div><div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;">devagar.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-58690593906507960362008-07-31T18:49:00.000-07:002008-07-31T18:52:43.356-07:00Educação não é Gentileza<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#663300;">Salvador é multicultural. Cosmopolita. Gosto de viajar pela cidade descobrindo suas facetas, sua gente e sua história. Sem dúvidas, é uma experiência surpreendente observar o cenário soteropolitano pelas janelas da vida. Mas Salvador também é como qualquer outra cidade. Aquele ar de capitalismo, a desigualdade pichada nos muros, a correria e um certo tom de que nada vai mudar estampado nos rostos das pessoas.<br />Ora, bom mesmo é vivenciar nisso tudo gestos que nos arrancam um sorriso verdadeiro. Como o daquele senhor ajudando a senhora cega a atravessar a rua do Politeama de Baixo. Ou o mendigo da Ladeira da Montanha que compartilha sua comida escassa com uma dezena de pombos. Ou o que ocorre perto dali, na Carlos Gomes: um rapaz bem vestido que dá um copo e um prato a um doente abandonado no chão. Ou simplesmente, ouvir o bom dia do porteiro do prédio todas as manhãs.<br />São atos assim que podem ser chamados de Gentileza, pois são feitos de forma sincera. Essas pessoas são anônimas, rostos iguais aos outros que fazem o bem sem receber nada em troca, que respondem apenas pela própria consciência. Geralmente, as outras pessoas agem de forma educada para atender o padrão de comportamento adotado pela sociedade.<br />Educação não é Gentileza. Ser gentil é ser um doador constante, doador de esperança, de cuidado e de vida.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8526413802151309345.post-10169479356150160172008-07-25T08:05:00.000-07:002008-07-28T18:41:03.376-07:00Papéis<div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:100%;">Uma menina passou por aqui e deixou cair um papel amarelo escrito a lápis, mais na frente, outro pequeno papel branco escorrega da sua pasta e ela nada percebe. Penso em recolhê-los, mas a garota já vai virando a esquina e solas sujas de sapatos continuam a dançar para a esquerda e a direita, parece não ter fim. Logo, logo os papéis se perdem e tomam outro rumo para além da minha vista.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:100%;">Será que aqueles papéis representavam algo? Seria uma informação importante? Poderiam ser números de telefones especiais, mensagens, lembretes de tarefas, trechos de um livro ou apenas palavras banais.</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:100%;">Deveria ser algo importante para a menina, sim. O que não tem valor é que é jogado fora. Um simples papel pode ser tão útil quanto qualquer outro objeto. Já pensou se alí estivessem os números do vencedor da loteria?</span></div><div align="justify"><span style="font-family:verdana;font-size:100%;">Mas agora não dá pra saber, os papéis devem estar longe, imundos e rasgados.</span></div>Luana Marinho Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/15418658251845946414noreply@blogger.com4