sexta-feira, 10 de julho de 2009

Quadrado

Aqui onde eu posso ver somente as minhas dores e pegar o cheiro que exala do meu corpo, há barulho estático e gritos esparsos.
Ainda que movimentos horizontais e elevados possam me expulsar e alguém lá fora possa me avistar, transloucada, melhor saber que essas sombras ele não reconhece.
Será uma apaixonada escrevendo cartas de amor? Segundo os solitários à espera de reflexos pela fechadura, talvez sim.
Em alguns lugares vejo cadeiras, mais abaixo o vazio e para além de mim, o lixo. Restos acumulados de um quadrado de loucos. A loucura cética, a loucura surda, a loucura insana e a loucura real em cada ponto perfeitamente dividido.
Eu prefiro o silêncio.
O riso dos infelizes me incomoda, o riso sórdido e sarcaz tanto quanto a presença negativa. Pertinente. Por isso que ouso esperar, ainda não é a hora de subir.
Eu prefiro a sensatez.
Ao dividir espaços, continuamente, encosta-se no melhor e no pior dos egos. Entre o contraste, a desordem e a falsidade, melhor calar; sem embates nem tormentos.

2 comentários:

rafa disse...

amei!!
enquanto vc lê, vc vai sentindo. Vc se perde entre as palavras. Muito bom!

The Dancer disse...

perfeito.
aquele tipo de coisa que vc le e se pergunta se a outra pessoa ja pode olhar dentro de seus pensamentos sabe?

;*